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A Revolução de Nós Mesmas



        Ligue a TV.
Estou te convidando para passear, para analisar e refletir sobre um tema não tanto discutido nos dias de hoje. Sei que você não deve está entendendo muito bem o que escrevo, mas já adianto que tudo isso não é desconhecido a seus olhos. Já de pronto, assim quando você aperta o botão, a primeira imagem que vem é de um comercial de cerveja. As praias sempre são ensolaradas, as pessoas parecem estar em um eterno feriado e as mulheres, geralmente seminuas, transformam-se em objetos comparativos com o próprio produto. Não é diferente das propagandas de carros que usam da clássica estratégia de que você irá conquistar a mulher dos sonhos quando comprar o carro do ano.

O reclame não dura muito e a novela das sete começa. Nessas tramas sempre existem núcleos, e em um desses um conflito se desenvolve: um homem, uma mulher e uma amante. Fazendo disso um romance, o autor induz o telespectador a aceitar o triângulo amoroso como uma nova modalidade do mundo moderno. E onde fica a mulher nessa história? Torna-se um objeto de prazer, um animal irracional guiado pelos instintos selvagens.

Mas se analisarmos, toda essa escravização machista regida pela mídia abrange muito mais do que comerciais e novelas; vem de um conceito formado pelas próprias mulheres de que “quanto mais bonita for, mas bem sucedida serei.” Não é a toa que a indústria que mais cresce no país é a de estética. Chega a assustar as lotações nos consultórios de cirurgias plásticas e os inúmeros cremes de rejuvenescimento. Tudo isso para ter o corpo igual ao da loira bonitona do comercial, ter o nariz da Ana Hickmann...

E não pense que essas mulheres são as que repudiam toda essa desvalorização ao verem tal comercial, programa ou novela, ao contrário; são elas as que assistem e invejam o corpo da loira, as que torcem pelo bom final do triângulo amoroso, e as que se imaginam desejadas pelo homem que comprou o carro. Simplesmente toda essa desmoralização está enraizada nos próprios conceitos da ala feminina brasileira. Está no complexo inferior, na autocomiseração em ser mulher.

E isso é ratificado com ênfase em meados de fevereiro, quando o carnaval toma conta do país. Não é difícil se ver mulheres completamente nuas pintadas, claro, para que não se perca a “prudência”, afinal, não se é permitido ficar completamente nua em público. E ainda por cima se há uma disputa acirrada sobre quem deverá ser a rainha daquela escola. As vezes me pergunto se isso não é uma questão pessoal de cada uma, se isso não é apenas uma máscara para disfarçar que aquela Maria deseja ser rainha, pelo menos por alguns segundos. Se aquele desejo por brilho, não é uma vontade de ouvir: “Hoje você está bonita”.

Pronto. Desligue a TV. Agora você pode entender o que me levou a escrever. A revolta com tudo isso me incomoda profundamente. Acredito que ainda existe possibilidade de uma reviravolta, basta olharmos para nós e percebermos que valemos muito mais do que o que dizem. E não me contento em dizer que isso é uma revolução feminista, vai muito mais além; Estamos diante da revolução de nós mesmos.

Os Paradoxos da Geração Coca-Cola


Crescer vendo-se em um mundo que se transforma a cada dia, é um desafio que cabe á cada um de nós, pobres habitantes.
Diante de tantas reformas, guerras e períodos gloriosos; onde a inteligência evoluiu e pôde-se descobrir a cura para tantas doenças... Vemos que essa geração é por fim a mais irracional e desesperada desses últimos anos.


Desespero na verdade sempre foi um sinônimo relevante de cada indivíduo, porém o grande paradoxo que se alastra sobre estes anos é a irracionalidade da geração mais evoluída: a geração pós-moderna ou geração coca-cola (como na música).


Ao mesmo tempo em que estamos interligados mundialmente pela maior rede de computadores do mundo (a internet), estamos cada vez mais distantes. Ta aí outro paradoxo que me intriga...

As salas de bate-papos lotam, o número de usuários do Facebook aumenta cada vez mais, o jornal impresso cai dando lugar ao jornalismo virtual, as pessoas soltam indiretas pelo Twitter, e na realidade; nada muda.

Continuamos com o sinônimo que nos une: o desespero.
Tudo resume-se a isso.

O desespero de temer ficar só, de olhar para o lado e não ver mais ninguém. De comer sozinho na cozinha, de assistir á reprises de séries antigas em um dia de sexta-feira...

É impressionante o que a carência humana produz: Além de agregar alguns em salas de bate papo á procura de um amor, conduz á vários para uma verdadeira terapia em grupo, onde todos desabafam segredos numa rede mundial na qual todos vêem.

 É. de longe se vê que a sanidade não mais faz parte do vocabulário social e que apesar de termos evoluído conforme a cadeia hereditária, na realidade permanecemos os mesmos desesperados de sempre, a única diferença está na intensidade.