Devagar
Nasci entre a urgência de existir
e a esperança de olhar a vida pela janela
Do morro recifense pendurado por fios elétricos
cercado de casinhas, escadas, calor humano e cheiro de fumaça de ônibus,
com a vida dentro do outro
e a música do vizinho dentro do compasso do meu coração pequeno,
Me vi ilhada em outro chão
mais calmo
mais largo
mais
len
ta
men
te
cidade pequena
Aqui as gentes andam como se nunca fossem morrer um dia
saúdam uns aos outros como crentes de igreja;
ouvi hoje à tarde um homem fazendo corrida gritando pra dona da macaxeira
que ela haveria de ser vereadora
a mulher respondeu com uma gargalhada
gritando como se estivesse entre gente de casa
e estava.
Aqui a voz é mole, escorrega preguiçosa à altura que o sol vai dormindo:
pouco a pouco.
O cheiro de café, como a lua, anuncia a noite
e com ela a pequenez da vida
que combina
com a pequenez de minha cidadezinha
onde o coração bate devagar
como que iludindo a gente
de que, talvez
a morte não exista.
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Thaínes Recila. Tecnologia do Blogger.
3 comentários:
Que poema gostoso de ler.
Abraço Thai!
Que amor!!!
Que amor!!!
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