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Antídoto Amnésico


Eu não escrevi nada de especial no fim do ano, como geralmente as pessoas fazem.
É claro que a falta da internet teve um peso grande nessa minha decisão, mas não fiz, propositalmente.
Sou obrigada a escrever algo sobre o que isso tudo significou pra mim, digo, no quesito social.
As pessoas, durante o ano todo machucam, ferem, roubam paz, contribuem para as guerras internas de nós todos, e no dia vinte e cinco de dezembro, e logo após no dia trinta e um, como se tivessem tomado a um antídoto amnésico, passam a amar estranhamente umas as outras. Sei que amor é uma palavra forte, mas sigo a linha de Lispector, que na terra da fome o "pão é amor entre estranhos", e na terra da omissão e invisibilidade, os cumprimentos "Feliz ano novo", e "feliz natal" que por alguns segundos remetem ao outro a sensação de estar sendo notado, podem ser uma nova forma do sentimento.
Uma forma errada e estranha; até porque o efeito do antídoto amnésico passa geralmente no dia um do ano novo, e pra ser mais específica, logo após sua soneca de ressaca.
Ora! Vamos acabar com isso!
Tudo é uma farsa, não é mesmo?
Diante desse inquérito, só temos duas opções: tomamos o antídoto amnésico durante todo o ano para esquecermos do quanto somos mesquinhos e egoístas, e do quanto machucamos os outros, ou o usamos nos períodos festivos para assim aliviarmos nossas consciências, sem transformá-lo em uma utilidade demasiada.

5 comentários:

Bisoures disse...

Muito bom o texto. Reflexivo!!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Obrigada pela sua visita ;)

Claudio Chamun disse...

Thaines:
Eu concordo contigo. Principalmente em empresas quando muitas pessoas ficam se alfinetando o ano todo e uma querendo ferrar com a outra. E quando chega na festa de fim de ano se abraçam e se beijam. Puro cinismo.
Entretanto, vejo muita amargura em tuas palavras neste post e no mais atual que já comentei. Acredito que tenha sido magoada. E te adianto: Ainda serás muito mais, mas lembre-se que as poucas pessoas que são sinceras e nos amam valem muito mais do que as outras tantas que querem nos ferrar.

www.cchamun.blogspot.com.br
Histórias, estórias e outras polêmicas

Unknown disse...

É, Cláudio, tenho que me preparar para essas decepções.
Mas... É a vida!
E isso é vaidade, supérfluo, diante de tantas outras coisas importantes. Viver é sempre superar, e esses empecilhos servem para o nosso próprio amadurecimento.
Mais uma vez, obrigada pela visita :D

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