Ela veste avental,
avental molhado de água suja.
Seus cabelos são belos,
mas estão presos e desarrumados.
Ama cinema,
moda e decoração,
mas quase ninguém escuta
o que diz seu coração.
Ela doa sangue todos os dias.
Litros e litros. Suas mãos tremem de fraqueza.
Doa vida aos seus sanguessugas.
Ela os ama.
Mas eles não querem os seus olhos brilhantes,
não querem ouvir suas músicas, suas piadas,
eles não querem a sua liberdade,
as suas gargalhadas...
O que eles querem é sua submissão,
sua voz baixa, seus olhos no chão.
Eles querem falar em tom mais alto,
querem os ouvidos sempre atentos,
e sua sensibilidade para abraços.
Ela não tem tempo para tirar seu avental.
Deseja voar, sair dali...
Deseja ter outra coisa para vestir.
Ela tem vontades, tem desejos,
tem sonhos.
As lágrimas são as únicas armas,
mas ela tem que chorar baixinho,
água quente para as mãos cansadas,
orando ao seu Deus carinho.
Moça de avental, quem dera ter no meu abraço
a fuga pra tua dor!
Iria viver te afagando,
como se quebrando teus grilhões.
Moça de avental, quem dera doar-te
um pouco de vida,
uns olhos altivos e vivos,
e, quem sabe, se possível
um mundo mais amigo...
Moça
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