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OBS: Esta é uma letra de uma canção que compus hoje. Fala muito sobre a nossa superficialidade, que ás vezes é tão natural que nem nos damos conta, posso dizer com exatidão que basicamente todo mundo já fez algum dos ítens que contém na letra.

Máscara de Ferro

Todo mundo
Já fingiu ser alguém
Que na verdade não é.
Todo mundo
Já sorriu sem vontade
E ninguém percebeu

Todo mundo já chorou por amor
Todo mundo já mentiu sobre a dor
Todo mundo se esconde atrás do cobertor
Pra ninguém descobrir
O seu refúgio secreto
E retirar sua máscara de ferro

Todo mundo
Já afirmou odiar alguém
Na verdade o amando
Todo mundo
Já se sentiu solitário
Mesmo estando em multidão

Todo mundo já se desesperou
Todo mundo já mentiu sobre a dor
Todo mundo já... Se ausentou
Pra ninguém descobrir
O seu refúgio secreto
E retirar sua máscara de ferro

A Solidão de se estar em maioria


É rotina minha levantar cedo, tomar um café forte, pegar o ônibus de destino, olhar pela janela e ver se o tempo está ou não bom...
Esfregar os olhos enquanto bocejo pelo sono mal dormido, escutar uma música, checar uns emails no computador... Nossa já tenho 300 amigos no Facebook! Preciso atualizar o Antivírus... O cara que criou a Apple morreu?! 

Ando sempre do lado direito da calçada, por medo de ser atropelada, gosto de Chocolate ao Leite e Comédias românticas.
Estou nesse momento pisando nas poças de água da cidade, luto contra uma multidão nessa avenida movimentada...
Agora chove. Todos se abrigam em seus guarda-chuvas e eu fico desprovida, molhando-me banalmente.
Ninguém me enxerga; sou mais uma entre muitos, que talvez sejam como eu.
Não é que eu queira sair do anonimato, ás vezes prefiro ser assim mesmo. Mas a dor maior é que ninguém irá se importar...
Do que adianta estar em uma grande cidade, pólo dos sonhos dourados, com 300 amigos virtuais, viver acompanhada de pessoas, se no final de tudo volto a ficar sozinha em minha cozinha olhando para um prato e assistindo á uma reprise de seriado americano?

Sei que sou muito mais do que isso... Mais do que maioria.
Tenho tantos sonhos, tantas expectativas, tantas besteiras para conversar na calçada, tantas estrelas para contar e dar nomes...
Mas desejo tudo isso acompanhada, pode ser de poucos, mas que sejam os que me façam me sentir incluída... Existente.

Enquanto isso, o Eco é a minha única companhia. O Eco, o computador e um violão velho.

Olhos Afogados

OBS: Fragmento do livro Ponte de Dezembro, que estou escrevendo.


Eram dez e quarenta e cinco, e como sempre André estava trabalhando no bar. Por lá passavam-se vários rostos, na maioria conhecidos da comunidade.
Sabia seus nomes, algumas informações a mais, mas não de fato suas vidas.

Alguns vinham com amigos, jogavam cartas, e saíam apoiados uns nos outros. Casais bebiam enquanto discutiam relações... Por várias vezes André viu rompimentos de namoros. Era triste, sempre admitiu, mas ficar de observador nessas horas tinha lá suas ironias. Vários moleques vinham mentir a idade em busca da bebida fermentada que viam na TV e era até engraçado negar e frustrar seus planos.
Mas já era fim de expediente, e André, pensativo ficou a observar o último bêbado do recinto. Um senhor de uns quarenta e tantos anos. Já tinha tomado inúmeras garrafas, os cabelos estavam bagunçados, olhos dormentes, o rosto manchado de uma maquiagem que aparentava ser de palhaço. Sua roupa era um tanto espalhafatosa. Lia-se naquela imagem que tinha perdido o emprego.
Aquilo lhe chamou a atenção.
Sempre pensara que os palhaços eram felizes e que nunca tinham momentos ruins. Talvez esse pensamento fosse infantil, mas tudo desmoronara naquele momento.
O homem de rosto manchado agora falava sozinho, resmungava palavrões e condenava o presidente da república. Dizia morar num país ingrato, murmurava contra todas as pessoas que tinha feito sorrir. De que adiantava agora? Onde estariam? Provavelmente em suas casas com empregos garantidos e carros conversíveis na garagem.

André estava profundamente comovido, na verdade não sabia o que fazer para ajuda-lo, ora, de que adiantaria conversar com um bêbado? Eram quase onze horas e precisava fechar o bar, mas antes... Antes tinha que falar com ele.

     - Moço... – Começou timidamente.
O homem parecia não ouvi-lo, estava mergulhado em seu mundo, preso á diálogos invisíveis.

     - Moço, desculpe... Mas – Continuou

     - Eu quero mais um litro de Vodca. – Respondeu com dificuldade.

     - O negócio é que eu vou ter que fechar agora. – Finalmente concluiu.

     - Eu sei meu rapaz, mas... Você entende o que é não querer voltar pra casa?

Os olhos do bêbado estavam afogados. Afogados em um mar de desespero, André via aquilo e lutava para não chorar com ele.
“Que situação.” Pensava ele. O que faria um homem não querer voltar pra casa? O que o faria desejar um bar de esquina como lar para suas descrenças e frustrações?
Se André não conversasse com aquele homem, provavelmente não dormiria a noite. E com preocupação sentou ao lado do tal com uma flanela em seu ombro esquerdo.

    - O senhor não quer limpar o rosto? – Disse estendendo o tecido.

    - Obrigado – Respondeu já limpando o rosto. – Não quer me acompanhar com a Vodca?

Ele não estava tão fora de si quanto pensava.   

    - Não. Eu não bebo. –Respondeu esfregando as mãos.

    - Que estranho. Um rapaz que trabalha em um bar não beber   – disse rindo - Grande ironia.

    - É estranho também se ter um palhaço chorando – Respondeu com um sorriso tímido.

    - Eu não sou palhaço. Pelo menos não mais. – Disse com franqueza.

André já tinha concluído que ele perdera o emprego.

    - O que aconteceu? – Perguntou com receio. – Você perdeu o emprego?

    - Não era simplesmente o emprego; era na verdade minha vida. À anos faço as pessoas sorrirem em um circo profissional, mas o egoísmo humano é miserável.- Dizia isso enquanto quase quebrava o copo.
Sem a maquiagem manchada não era tão velho quanto aparentava. Acho que uns trinta e nove anos lhe cairiam bem.

   - E o que levou você a perder o emprego? – Insistia André.

   - O Circo não estava indo tão bem financeiramente. Os donos simplesmente tomaram toda a grana arrecadada, e vendo que estavam prestes a falir, sumiram, deixando todos os profissionais da área... Assim como eu – Respondeu com vergonha.

   - Mas isso é crime! Vocês deviam denunciar. – Complementava André com ira.
O bêbado (Não tão bêbado) agora ria sarcasticamente. André entendia o porquê.

   - Aqui nesse país não tem vez pra pobre. Você deve saber disso. Os caras devem estar á essas horas em Madrid ou Paris... De que adianta denunciar?
André pensava e revoltava-se contra o sistema. Não era justo aquela situação. Em silêncio imaginava como seria a vida do rapaz daquele momento em diante. Tentava idealizar aonde iria depois dali. Percebera que possuía uma aliança. “É casado.” Pensou.

   - E onde você mora? – Perguntou.

   - Atualmente moro em tudo o que me parece uma casa. Sou do interior de Minas.
O sotaque denunciava isso.

   - Faz quatro anos que não vejo minha mulher e filhos... – Seus olhos novamente estavam afogados, como no início. – Junto dinheiro fazendo alguns bicos como palhaço nos semáforos para conseguir uma passagem pra casa, mas...

   - Mas...?

   - Mas ao mesmo tempo, não quero que minha esposa me veja nesse estado deprimente. Eu saí de lá dizendo que iria voltar com muito dinheiro e que iríamos morar sossegados em BH. – Falava isso olhando para a aliança. – Sou formado em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Belo Horizonte. Pretendia ter recursos para montar e produzir meu próprio espetáculo, para quem sabe sair por esse mundão afora espalhando arte e alegria junto com minha família. Mas esse país tem a mania de destruir nossos sonhos...
Aquela cena certamente nunca mais sairia da mente do rapaz André. Estava vendo muito além de suas quatro paredes internas, de seus problemas, concluíra a partir daquele momento que existiam muitos e muitos como aquele palhaço frustrado naquela cidade, provavelmente muito desses que esbarravam na avenida, e até no próprio bar.

   - Realmente está ficando tarde – Continuou o palhaço levantando-se e pagando a conta. – Tenho que ir embora agora rapaz.

André estava estático na verdade. Sentia-se impotente diante daquela situação.

   - Calma, calma... – Disse o rapaz percebendo que o homem ia embora. – E aonde você vai agora?

   - Não se preocupe comigo homem. Eu sei me virar – Respondeu com sinceridade. –E a propósito, obrigado por ter me ouvido. Hoje você me provou que a humanidade não está tão perdida como eu pensava.
E se foi, cambaleando pelo alto teor do álcool. André ficou ali naquela mesa, pensativo e estático. Provavelmente nunca mais o veria novamente. E o pior de tudo, não sabia nem seu nome.
Levantou-se e começou a limpar as mesas com certa tristeza e melancolia. E voltando para aquela mesa, junto com o dinheiro da conta, viu escrito no guardanapo:

“Francisco Lopes.
87452109”

Tic-Tac, Tic-Tac...


O inevitável sempre acontece.
Tem um momento em que me acordo e dou conta que o relógio está avançado. Olho no espelho e comparo minhas fotos de criança com o que sou hoje, vejo que muita coisa em mim mudou.
Aquele vidro espelhado tem um poder de denunciar... Denunciar e informar dolorosamente, ou quem sabe alegremente que o tempo passa e que nada no mundo é pra sempre.
Lavar o rosto é sempre uma boa forma de fugir disso, acordar de fato. Não é script de filme melo-dramático, mas tem vezes que sentimos uma saudade... Uma saudade não sei de quem, talvez dos momentos que passaram e que infelizmente não voltam.
As risadas na casa de um amigo, a inocência e a pureza de um abraço consolador, as piadas sem duplo sentido, as trocas de figurinhas...
É tudo tão recente, e tão longe ao mesmo tempo.
Não é que eu seja daquelas pessoas que vivem de passado, mas é quase sem querer... Eu choro por não ter como voltar.
E é exatamente nesses dias que Deus me surpreende e me diz que sempre existe algo novo para se viver.
Tudo bem, que têm momentos que não irão ser iguais aqueles em que vivemos no auge de nossa vida, mas o que vem de novo é sempre diferente, embora pior ou melhor, mas sempre diferente.

Por isso, uma coisa aprendi: Só iremos viver o novo, quando nos desapegarmos do velho.
Não quero terminar minha vida na varanda lendo um livro de auto-ajuda. 
Há muito pela frente, aventurar-se no desconhecido é uma das melhores escolhas á fazer, e viver é bom, tão bom, mas tão bom que sempre valerá a pena, chorar pelo que passou

Matrix de nossas vidas


Fiquei a observar a vida um dia desses. Era insano saber que ninguém me percebia, era estranho perceber que os olhares eram vazios, vazios como os meus.
Eles andavam como robôs, maquinalmente indo ás suas casas, vestiam-se formalmente, conversavam sobre os mesmos assuntos com as mesmas pessoas. Tinham em seus ombros o peso de algo invisível, que ninguém via, mas todos percebiam.
Estavam presos á correntes imaginárias, lutando contra a inteligência artificial estabelecida pelo sistema. Eram escravos da rotina e nem percebiam que o mundo em que vivem não passa de uma ilusão.
Por quê pensei isso? Só era uma anônima, que estava de pés descalços, olhando sem interesse pela janela do quarto. Não sei se foi o tédio que me impulsionou aquilo, não interessa, na verdade.
Eles não sabiam... E eu sentia-me culpada. Sentia-me culpada por não avisá-los, por não libertá-los das correntes.

Então em um momento súbito de puro impulso gritei de minha janela para aquele batalhão de desesperados: "Libertem-se de Matrix!"
Vários olharam, chamaram-me de louca e ignoraram meus gritos como se fosse á um dos lunáticos da avenida que exclamam constantemente suas insanidades.
Mas houve um que entendeu. Olhou-me com seus olhos de vidro e  como que despertando de uma hipnose fitou-me por vários minutos.
Nos conectamos e ele acordou de sua ilusão, mas já era tarde demais. O tinha perdido entre os tantos.

O triste é que não sei onde ele está agora... Não sei se suas correntes foram quebradas. Mas, olhe pelo meu lado, pelo menos eu tentei.
Cada um vive em seu castelo de areia particular, em sua Matrix tridimensional irreal... A pior parte é quando tudo se desmorona.

Estou novamente na janela do meu quarto observando os aprisionados na falsa ideia de que o verei novamente.
Sei que é quase impossível isso acontecer, mas algo dele está em cada um desses perdidos. O olhar gelado, os passos calculados...
Veio-me agora a vontade de gritar "Libertem-se de Matrix" novamente, mas sei que ninguém vai me escutar.

O que me assusta é a sensação de estar aprisionada também á uma Matrix pessoal. Acho que estou acorrentada em minhas paredes internas. E só agora percebo. Sou uma das que andam maquinalmente, das que conversam sobre os mesmos assuntos e com as mesmas pessoas, sou uma escrava da rotina.

Reconheci esse estado agora, e sinceramente isso me assombra. 
E agora quem me libertará de mim mesma?

LER ESSE TEXTO AO SOM DE FLAGS - BROOKE FRASER

As Máscaras da Superficialidade



Em algum dia de sua vida você já fingiu.
Todos nós um dia fingimos ser algo que na verdade não somos.
Nos tornamos camaleões que mudam de acordo com o ambiente e tudo isso denuncia a eterna busca de nossa identidade. A eterna mania de nunca nos encontrarmos.
Colocamos máscaras para disfarçar o que realmente somos.
E tudo é na verdade fuga. Abrigamos um medo embutido de descobrirmos a verdade. Um medo de descobrirmos o que realmente se esconde atrás das quatro paredes de nosso interior.
Não nos conhecemos e isso assusta. Não me conheço e a cada dia procuro saber o porquê de tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Por quê eu gosto de Rock Britânico e Gospel? Por quê eu gosto de ler? Será que escutar rock faz de mim uma roqueira? Será que gostar de estudar faz de mim uma CDF?
O mundo é tão cheio de rótulos que as vezes até me perco neles.
E o engraçado é que as pessoas brigam por isso... "Você tem que escutar música de verdade, pagode não presta."
Um pedaço de pano, um argola no nariz, uma cor e um estilo de música não é o tudo o que define uma pessoa. Sou mais do que características, mais do que maioria ou minoria. Eu sou eu e nada pode mudar isso.
Me simpatizo com o socialismo, consumo como uma capitalista, mas não gosto de me rotular como nenhum dos dois.
É tudo vaidade.
Vivo em um mundo onde as pessoas julgam pela aparência.
Onde a discriminação predomina pelo simples fato do outro ser mais baixo ou escuro (entre outras características). 

Volto a dizer que tudo isso é uma fuga. Você pode ser a pessoa que oprime algum inofensivo por não gostar do seu jeito de ser ou qualquer outra coisa, mas não passa de mais um entre muitos que se frustram todos os dias por não ser aquilo que pensa que é.

Pessoas superficiais são, na verdade, pessoas vazias. E não pense que estou fora dessa lista. Todos nós somos ou fomos um dia superficiais, somos carentes de algo que não sabemos o que é, e por medo nos escondemos.

Vivemos em uma espécie de "carnaval invisível", onde os mascarados são o cara da venda, o tatuado da praça, a garota perfeitinha... A mulher fofoqueira da esquina, o ilusionista do semáforo.
Todos usam máscaras... E você não é só um observador, não é só um internauta entediado do dia (que por um acaso parou neste blog).


Então, qual é a sua máscara?

LER ESSE TEXTO AO SOM DE: IT'S NO EASY - FIVE FOR FIGHTING

"Luzes vão te guiar até em casa"

Admiro muito (e escuto) a superpopular banda britânica ColdPlay que vem mantendo sua personalidade mesmo com o passar dos anos. A banda é liderada por Chris Martin, que na minha opinião é um dos melhores cantores do rock atual.
E para complementar todo essa minha introdução, apresento a vocês a conhecida música Fix You (Consertar Você).


Consertar Você

Quando você tenta o seu melhor, mas não tem sucesso.
Quando você consegue o que quer, mas não o que precisa.
Quando você se sente cansado, mas não consegue dormir.
Preso em marcha ré.

Quando as lágrimas começam a rolar pelo seu rosto.
Quando você perde algo que não pode substituir.
Quando você ama alguém, mas é desperdiçado.
Pode ser pior?

Luzes vão te guiar até em casa
E aquecer teus ossos
E eu tentarei, consertar você

Bem no alto ou bem lá embaixo.
Quando você está muito apaixonado para esquecer.
Mas se você nunca tentar, nunca vai saber.
O quanto você vale.

Luzes vão te guiar até em casa
E aquecer teus ossos
E eu tentarei consertar você

Lágrimas rolam no seu rosto
Quando você perde algo que não pode substituir
Lágrimas rolam pelo seu rosto
E eu...

Lágrimas rolam pelo seu rosto
Eu te prometo que vou aprender com meus erros
Lágrimas rolam pelo seu rosto
E eu...

Luzes vão te guiar até em casa
E aquecer teus ossos
E eu tentarei, consertar você